quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

“Épater l’avant-garde”

G. Ligeti, a propósito do seu Requiem, particularmente sobre o Dies irae e sobre a sua falta de “modernidade”...

segunda-feira, 25 de junho de 2018

18 anos de Curso de Composição

Algumas palavras escritas e ditas hoje antes do Concerto de Composição | Auditório Adelina Caravana
O curso de Composição de Braga atingiu a maioridade, 18 anos ininterruptos a lançar novos nomes da Composição portuguesa, contribuindo para a mudança definitiva do paradigma da composição em Portugal. Tudo começou no ano de 2000, um novo século e um novo curso surgiu da vontade e sonho de alguns (poucos) no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga. Assim, isolado de todo o panorama nacional, este curso foi até há poucos anos, único no panorama da Composição em Portugal.
Olhando hoje para as palavras escritas por Ana Seara (aluna do primeiro curso de Composição) no Jornal da Associação de Estudantes em que destacava o novo curso criado como “o curso mais recente e irreverente” do nosso conservatório, podemos afirmar que ainda assim, ninguém, nem mesmo ela, poderia imaginar a revolução criativa que a sua geração e seguintes iam operar no contexto musical nacional. Efectivamente, a partir da saída dos primeiros finalistas deste curso, começou a mudar-se o perfil de exigência técnica e artística para aceder a um Curso de Composição no ensino superior. Aliás, poucos anos depois apelidaram esta geração de compositores nascida no final dos anos oitenta como os mais representantes mais visíveis de um segundo renascimento da composição em Portugal.

Número total de obras estreadas até junho de 2017
Solo - 32
Duo - 19
Trio - 13
Quarteto - 4
Quinteto - 9
Sexteto - 4
Septeto - 1
Ensemble - 4
Orquestra de cordas - 1
Orquestra sinfónica - 1
Coro / quarteto vocal - 2
Coro / trio instrumental- 1
Eletrónica sobre suporte - 35
Eletrónica em tempo real - 1
Eletrónica e instrumentos acústicos (música mista) - 4
Eletrónica e narradores - 1

Total: 132 Estreias
A verdade é que a Composição, pela sua natureza criativa e introspectiva, não é, de forma imediata, uma área musical de palco, é mesmo muitas vezes esquecida face aos eventos musicais propriamente ditos, os concertos, os recitais, as orquestras, os coros, os intérpretes, os virtuosi do mundo imediatista em que todos vivemos. Ainda hoje é frequente apontar-se como única realidade visível dos conservatórios os alunos instrumentistas! Erro lacrimável, basta olharmos à nossa volta, aqui mesmo. Continua a ser imprescindível lembrar que nada haveria a tocar, a interpretar, a brilhar nos palcos, não fossem esses criadores a que chamam de “os compositores”.
A eles, e em particular aos que por cá estiveram ou que ainda cá estão, a justa homenagem.

Ana Seara, Osvaldo Fernandes, Sara Claro, Sofia Sousa Rocha, Adriano Macedo, António Lima, Susana Araújo, Hélder Vieira, Carlos Adriano Oliveira, Tânia Magalhães, Miguel Carneiro, Daniel Paredes, Carlos Dias, Ana Lima, Helena Gandra, Alexandra Prezado, Gustavo Cruz, Andreia Leal, Almeno Gonçalves, Paulo Morais, Francisco Fontes, Júlia Durand, João Tiago Araújo, Pedro Lima, David Ramalho, Diogo Silva, António Novais, Ana Catarina Barros, Jorge Ramos, Patrícia Oliveira, André Mota, André Pacheco, João Carlos Pinto, Pedro Coelho, César Toscano, Rui Gomes, José Eduardo Barbosa, Maria Portela, Diogo Ferraro, José Mendes, Filipe Soutelo, Sara Marita, Tomás Alvarenga, Adriana Machado, Joana Lopes, Daniel Amado e José Nuno Soares.
47 nomes.

domingo, 18 de fevereiro de 2018

GV111


Estou a olhar para os primeiros esboços de uma nova peça musical...
Bom, nada de novo, o costume aliás, esta necessidade de escrever música que teima em não parar! Mas doravante vou passar a enumerar as obras musicais que vier a fazer. Para além do habitual título que cada peça vai ter vou passar a catalogar o número das peças, uma coisa séria, estilo Opus, BWV, KV, etc. uma vez que calculo que depois de eu morrer ninguém vai ter o trabalho de o fazer porque é uma maçada. Bom, então a novidade que acabo de anunciar vai apresentar-se a partir da próxima obra com a indicação de catálogo de GV. A próxima obra que farei vai ter um titulo e tal, como as outras, com música lá dentro, e a indicação de GV111. Porquê GV111 perguntarão alguns dos que ainda estão a ler este pequeno texto? Pois sim, é justo que seja dada uma explicação, GV será a abreviatura de Gaveta, a minha melhor amiga e companheira do meu modo de estar "compositor", o local para onde já foram tantas obras que produzi. Uso frequentemente esta palavra (gaveta) quando me perguntam algo sobre aquela obra musical, estilo "não tens uma obra para corneta sem pistões, celesta e viola sem arco?", e eu respondo que vou ver à minha gaveta! Em relação ao número 111, deve-se este ao facto de me ter lembrado, apenas agora, de ver quantas obras tenho escritas e registadas desde que componho música. E a verdade é que tenho compostas 110 obras musicais (as oficiais diga-se) até ao final de Dezembro de 2017. Como se deve imaginar, não conto as obras musicais à peça, estilo buffet, 7€ cada 15 peças de suschi, não, a coisa não funciona assim, uma obra que tenha 16 peças por exemplo é apenas uma obra musical e não 16! É o caso específico das "Pequenas histórias de um Saxofone" por exemplo. Por isso, naturalmente o número 111 será o da próxima obra que vier a fazer. Este número, 111, pode ser um mau (ou bom) prenúncio se pensarmos na última sonata para piano de Beethoven...
Então assim será, a próxima obra musical intitulada "qualquer coisa" para os instrumentos "qualquer coisa" será acompanhada pela sigla GV111 e desta vez, penso dedicá-la mesmo à minha gaveta.