sábado, 23 de junho de 2007

Chopin e interpretação

Porque para mim as opiniões discutem-se!
No Artimanha encontrei uma discussão sobre interpretação de Chopin. O caso Pollini/Chopin foi debatido, embora, com algumas interrupções... daquelas de quem acredita que escrever uma opinião num blogue é um acto de auto-promoção ou coisa que o valha!
Agora venho eu fazer algumas sugestões para a audição desse grande compositor chamado Chopin. Digo grande compositor, porque o é. É muito comum menosprezar a produção de Chopin por este ter composto quase exclusivamente para piano. Asneira da grossa!!! Toda a produção de Chopin foi altamente inovadora, quer ao nível harmónico (avançou anos luz, numa série de coisas), quer na revolução técnica provocada nesse fantástico instrumento que é o piano. Acho piada à "acusação" de que só escreveu para piano, queriam o quê? Que escrevesse octetos de sopros sem ser esse o seu terreno composicional!? Atenção, que na moda composicional portuguesa não fica bem falar bem de Chopin! Os mais eruditos dizem até que o senhor compositor nem sabia orquestrar, que basta ver os concertos para piano, enfim, balelas! Os dois concertos de piano de Chopin (fora os ditos cujos de violino...) são muito bem orquestrados, tendo em atenção o estilo de escrita, as técnicas de composição e a especificidade da técnica pianística deste compositor.
Mas deixemo-nos de analisar este tipo de reacções tipificadas de determinados grupos pré-formatados senão ainda tenho que falar do caso Beethoven... sim, também é de bom tom, no meio composicional português, falar mal do mestre de Bona!
Voltemos ao Chopin. Para mim Chopin e a sua obra tem sido um livro aberto a constantes mudanças no que diz respeito às interpretações. A sua música é tão boa que há sempre quem possa surpreender-nos mesmo aqueles que nunca haviamos ouvido (tal como Ivan Moravec que conheci há pouco).
Vamos então às sugestões (3 apenas), às opiniões, à discussão de ideias, chamem-lhe o que quiserem!

Valsas - Vladimir Horowitz (desde sempre...)
Prelúdios - Evgeny Kissin e Maurizio Pollini (alguns são melhores por um, outros, por outro)
Estudos - Maurizio Pollini (sempre, perfeitos!)

Para ouvir, deixo esta monumental interpretação, seguramente a que mais gosto, do último prelúdio, op. 28 nº 24 em ré menor, tocada por Evgeny Kissin.

5 comentários:

  1. Já ouviu o Dinu Lipatti tocar as valsas?

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  2. Nunca ouvi Dinu Lipatti. Sei que é um pianista romeno, já tive um ou mais discos dele na mão e acabei sempre por não comprar...
    É o preconceito das velhas gravações que muitas vezes não são tão atraentes como as novas... embora isso não diga nada da qualidade interpretativa, é claro.
    Tenho que comprar e ouvir as valsas de Chopin por Lipatti então!

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  3. Dinu Lipatti!
    Só tenho em LP! Absolutamente imperdível!
    Mas o que une as pessoas que gostam mesmo de música é a capacidade de estarem abertas a surpeenderem-se a qualquer momento!
    A formatação, as ideias pré-concebidas, as modas, deixem-nas para os menos sensíveis. Nós, os que aqui até agora escrevemos gostamos de música, de bons músicos e é-nos muito difícil (pelo menos para mim) eleger um, mesmo que seja na interpretação de um só compositor!
    Viva a música e a arte em geral que é fonte de vida!

    Abraço

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  4. Que comentário luminoso, caro carlos A. A., é exactamente isso!

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