Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Pra poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes.
Sophia de Mello Breyner Andresen
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
Quanto Morre um Homem
Quando eu um dia decisivamente voltar a face
daquelas coisas que só de perfil contemplei
quem procurará nelas as linhas do teu rosto?
Quem dará o teu nome a todas as ruas
que encontrar no coração e na cidade?
Quem te porá como fruto nas árvores ou como paisagem
no brilho de olhos lavados nas quatro estações?
Quando toda a alegria for clandestina
alguém te dobrará em cada esquina?
quem procurará nelas as linhas do teu rosto?
Quem dará o teu nome a todas as ruas
que encontrar no coração e na cidade?
Quem te porá como fruto nas árvores ou como paisagem
no brilho de olhos lavados nas quatro estações?
Quando toda a alegria for clandestina
alguém te dobrará em cada esquina?
Ruy Belo
Confusão, decidam-se!
"Para ensinar bem é preciso saber bem o que se vai ensinar"
Nuno Crato
Inacreditável, andei anos e anos da minha vida como professor a pensar que este premissa era verdade. Entretanto fui ficando convencido do contrário, que nem sequer era importante saber alguma coisa do que se ia ensinar, e que bastava fazer umas "flores" bem feitas, andar nas escolas com ar de quem sabe o está a fazer, e colocar-se ao lado dos mandantes com um ar sorridente e patético.
Agora vem este senhor da pedagogia moderna confundir-me...
sexta-feira, 4 de julho de 2014
música_papel_delírio
Nada se compara com a exaltação que sinto no momento em que acabo de escrever uma obra de que goste, por mais insignificante que esta possa eventualmente ser, um padrão harmónico, uma linha, uma nota que seja...
A obra quando consumada nasce completa, como um parto, no meu imaginário e provoca-me uma alegria infinita na sua singeleza. A música nasce no papel e nos meus ouvidos. Não, não nasce, como muitos pensam, na eventual estreia e performance!
Perdoem-me por tudo isto.
segunda-feira, 30 de junho de 2014
Porque
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Sophia de Mello Breyner
Comunicado
Na frente ocidental nada de novo.
O povo
Continua a resistir.
Sem ninguém que lhe valha,
Geme e trabalha
Até cair.
Miguel Torga
O povo
Continua a resistir.
Sem ninguém que lhe valha,
Geme e trabalha
Até cair.
Miguel Torga
Depoimento
Deponho
no processo do meu crime.
Sou testemunha
E réu
E vítima
E juiz
Juro
Que havia um muro,
E na face do muro uma palavra a giz.
MERDA! – lembro-me bem.
– Crianças......
– disse alguém que ia a passar.
Mas voltei novamente a soletar
O vocábulo indecente,
E de repente
Como quem adivinha,
Numa tristeza já de penitente
Vi que a letra era minha…..
Miguel Torga
no processo do meu crime.
Sou testemunha
E réu
E vítima
E juiz
Juro
Que havia um muro,
E na face do muro uma palavra a giz.
MERDA! – lembro-me bem.
– Crianças......
– disse alguém que ia a passar.
Mas voltei novamente a soletar
O vocábulo indecente,
E de repente
Como quem adivinha,
Numa tristeza já de penitente
Vi que a letra era minha…..
Miguel Torga
domingo, 4 de maio de 2014
Tónica Dominante fez 9 anos em 19 de Março!
Para quem ainda se lembra…
começou em 2005, já lá vão 9 anos!
O que eu passei para manter isto online, ninguém imagina. A censura sempre existiu, antes e depois do 25 de abril. Na altura em que escrevia muita coisa sobre o ensino especializado da música tinha visitas diárias de "bufos" que imediatamente colocavam a par os que tinham o poder de me excluir, de me espezinhar o quanto pudessem, agiam de forma organizada na sua mediocridade e mesquinhez.
Hélia Soveral
Acabei de saber pelo fb de Joana Resende que 3 de maio era o dia de aniversário de D. Hélia Soveral, minha professora de piano, inspiradora na persistência com que exigiu tudo o que o que eu tinha para dar, inovadora nos programas que me punha a tocar, que saudades tenho dela, de tudo o que me deu e cá ficou. O que eu gostaria de poder estar outra vez com ela, Parabéns D. Hélia Soveral por tudo, esteja onde estiver...
pudor da merda!
Essa coisa da canção ganhadora do festival já me anda a enervar! Não oiço falar de outra coisa na net, por muitos dos meus alunos e colegas professores, sim, claro, colegas todos ofendidos, com pudor por Portugal, porque o país vai ficar mal visto com esta canção perante o resto dos participantes… palavra de honra se eu percebo estas posições! Num país como o nosso esperavam o quê? Um "Depois do Adeus" de Paulo de Carvalho agora? É só um festival de canção e, actualmente, nas circunstâncias em que temos a cultura por este país à beira mar plantado, a distância entre música pimba e música ligeira portuguesa já não é o que era, é muito, mas muito mais ténue. Estranharia era se a canção fosse boa, isso sim seria motivo de debate. Deviam ter vergonha é por opinar sobre a pretensa falta de qualidade da canção e sobre Portugal. Para mim o mais grave é este ser um assunto discutido por alunos e professores de Ensino Especializado da Música! Pouca vergonha...
agradecimento de uns versus "não fazes mais do que a tua obrigação" de outros
Ora aqui está!
Um agradecimento formal de uma fundação em Basel ao Kla-Vier Duo pela estreia nacional de uma obra de Morton Feldman, "Work for two pianists".
Foi um momento musical mágico no Auditório Adelina Caravana em Braga com casa praticamente vazia.
Se tivesse havido uma salva de morteiros, antes ou durante o concerto, possivelmente estaria mais gente.
Assunto: AW: for Ms Patricia Ventura, Ms Sonia Amaral - Work for two pianists on behalf of Dr Felix Meyer | Morton Feldman Collection - unpublished work
Dear Ms Ventura, dear Ms Amaral
Thank you very much indeed for the recording of your feldman performance of March 26. I look forward to listening to it and can assure you that it was a Portuguese first performance.
Yours sincerely
Felix Meyer
PAUL SACHER STIFTUNG
PAUL SACHER FOUNDATION
Dr Felix Meyer, Director
Münsterplatz 4
CH - 4051 Basel
domingo, 16 de fevereiro de 2014
O Ofuscante Poder da Escrita
(...) O ofuscante poder da escrita é que ela possui uma capacidade de persuasão e violentação de que a coisa real se encontra subtraída.
O talento de saber tornar verdadeira a verdade.
Herberto Helder, in 'Photomaton & Vox'
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