domingo, 18 de novembro de 2012

GENEROSIDADE


Ontem, no Theatro Circo em Braga revivi com emoção a música e a pessoa de António Pinho Vargas. Já não o ouvia a tocar desde o final dos anos oitenta, numa altura em que o seu piano era apoiado pelo irmãos Barreiros e pelo José Nogueira em quarteto, isto no Teatro Carlos Alberto no Porto. Foi arrepiante ouvir outra vez, a dança dos pássaros, Tom Waits, etc. Está tudo lá ainda, mas mais refinado, as articulações a expressividade, os súbitos e curtos silêncios em jeito de hoquetus, e, acima de tudo, aquelas melodias, de uma beleza inexplicável, infinitamente lusitanas no seu contorno e perfil linear. Enfim, para além de toda aquele grande jazz português que reouvi, as palavras de APV – que separaram, em jeito de prelúdios, os momentos exclusivamente musicais – sempre sábias, lúcidas e, mais do que tudo, generosas. Se alguma palavra pudesse definir o dia de ontem, antes do concerto – em que tive o prazer da companhia de APV num longo café adiado há muito tempo, anos mesmo – durante o concerto, e depois do concerto essa palavra será GENEROSIDADE. Possivelmente, para alguns parecerá um lugar comum, mas não o é, uma vez que é cada vez mais difícil encontrar esta palavra expressa e encarnada na alma das pessoas. Numa altura em que tanto se “partilha” e tão pouco se dá as “gentes” são cada vez menos generosas, e uma grande parte não o é sequer.
Obrigado, António.

(foto da culturgest)

terça-feira, 13 de novembro de 2012

simples versus complicatus (não, não é a flor!)



É assim, em Lisboa as coisas funcionam de uma forma mais óbvia, mais simples, mais assumida. Ou seja, Pequenos Cantores do Conservatório de Lisboa e a Camerata de Lisboa, maestrina Joana Carneiro, álbum de Natal, Canções de Natal Portuguesas, compositores contemporâneos portugueses, como Carlos Marecos, Vasco Pearce de Azevedo, Sérgio Azevedo e João Madureira, todas os temas escritos tendo como ponto de partida o cancioneiro tradicional português.
A ser no norte, não podia ser assim, não, nem pensar! Tinha que ser uma coisa em Grande! O maestro tinha que ser estrangeiro, de preferência com um nome bem complicado de pronunciar, as músicas teriam que incluir obrigatoriamente, porque toda a gente gosta, o "A Todos um Bom Natal", o "Noite Feliz" e o "Jingle Bells", o cancioneiro tinha que ser da freguesia de nascença da pessoa que organizasse o evento e posterior gravação, e quanto aos compositores é melhor ficar por aqui neste breve, irónico e patético comentário...