domingo, 21 de agosto de 2005

os asnos

(...) também me não agradam aqueles para quem todas as coisas são boas, e que chamam a este mundo o melhor dos mundos. Chamo-lhes onisatisfeitos. A facilidade de gostar de tudo não é dos melhores gostos. Louvo as línguas delicadas e os estômagos escrupulosos que aprendem a dizer: “Eu” e “Sim” e “Não”. Mastigar e digerir tudo, porém... é fazer como os suínos. Dizer sempre Sim, isso só os asnos e os da sua espécie aprendem (...)

Friedrich Nietzsche, Assim Falava Zaratustra (Do espírito do pesadume)
6 Comments:
At Sábado, 27 Agosto, 2005, DGP said...
Prefiro-os mil vezes aos que dizem sempre não. Quem vive sem desculpa, quem não aceita os eles, os outros, os eus, os erros, não me parece que possa viver satisfeito com a sua razão. De que serve ser dono das suas paixões se já não as pode sentir?
“A minha paixão e a minha compaixão...que importam! Será que eu aspiro à
felicidade? Eu aspiro à minha obra”
Assim falou Zaratustra (O sinal)
Eu aspiro a felicidade.

At Sábado, 27 Agosto, 2005, pb said...
Realmente, muito interessante...
Em “Assim Falava Zaratustra” podemos encontrar literalmente de tudo.
Mas mesmo assim não os prefiro, aos asnos, claro! É aliás bastante frequente encontrar as maiores qualidades humanas, intelectuais e de engenho, em ilustres mal encarados! Pensemos, e para não ir mais longe, aqui em Portugal, em António Lobo Antunes e José Saramago... Não sou adepto da permanente concessão, da tolerância impávida perante o medíocre e da “alegre” convivência com o meio só porque dá mais jeito. Sei que não viveria mais feliz se assim navegasse nisto a que chamamos de sentido da vida.

At Domingo, 28 Agosto, 2005, DGP said...
Siddartha (versus Zaratustra)
(...)Mas eu penso que importante é apenas amar o mundo e não desprezá-lo, que o importante não é odiar-nos uns aos outros e sim, sermos capazes de ver o mundo, a nós próprios e a todos os seres com amor, admiração e respeito(...)
Siddartha
Hermann Hesse
Nem sempre se faz concessões porque dão mais jeito, às vezes é mesmo uma questão de respeito.

At Domingo, 28 Agosto, 2005, DGP said...
Desculpe, já estou a brincar. É claro, que também eu não me conformo com alguns erros que só servem a alguns poucos. Quando falo aqui esqueço-me que não me conhecem, e por isso tudo o que digo é levado á letra. Boa tarde!

At Domingo, 28 Agosto, 2005, pb said...
Ora essa!
O debate de ideias é sempre bom, portanto, não há nada a desculpar! Para além disso todos temos, de uma forma mais ou menos marcada, os dois lados versados nestes comments.
:-)

At Segunda-feira, 26 Setembro, 2005, Rostos said...
Pegando nesse livro de Nietzsche, que foi dos que mais me marcou na minha adolescência, e mais particularmente nas suas metamorfoses, trocaria os asnos por um daqueles camelos que carregam os fardos dos outros, apregoando que são feitos seus. Este livro é sem dúvida um dos maiores exercícos da mente humana. Perigosamente atractivo e demasiado poderoso, para entrar nele, e ficar lá muito tempo, sob o risco, de nos transformar irreversivelmente. Mas deixa lá, já havia asnos antes do Nietzsche, continua a haver após a sua morte, E há-de haver sempre até à extinção da consciência humana. Abraço.

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