quarta-feira, 24 de agosto de 2005

pensamento nocturno (2)

Para recuperar a minha juventude era capaz de fazer tudo no mundo, excepto ginástica, levantar-me cedo, ou ser respeitável. A Juventude! Não há nada que se lhe compare. É absurdo falar da ignorância da juventude. Hoje em dia só tenho algum respeito pelas opiniões das pessoas muito mais novas do que eu. Parecem-me estar à minha frente. A vida revelou-lhes a sua última maravilha. Quanto aos velhos, contradigo-os sempre. É uma questão de princípio. Se lhe pedirmos opinião sobre uma coisa que aconteceu ontem, eles dão-nos solenemente as opiniões correntes em 1820, quando as pessoas usavam golas altas, acreditavam em tudo e não sabiam absolutamente nada.

Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray
5 Comments:
At Sexta-feira, 26 Agosto, 2005, Oficial e Comentadeiro said...
Este pensamento do Oscar Wilde lembra-me aquilo que às vezes sinto quando se desata a falar de Salazar. Se o acaso nos junta nesse momento com alguém de idade avançada, há sempre a hipótese de ouvirmos:«Ah!... Pelo menos naquele tempo não havia droga, nem a má-educação de hoje. Com o Salazar não havia crime nem pouca-vergonha, com ele andava tudo nos eixos». E pronto.

At Domingo, 28 Agosto, 2005, pb said...
Hehe!
Realmente...

At Sexta-feira, 02 Setembro, 2005, IO said...
A Genious, this irish man!!
Slainte!, IO

At Sexta-feira, 02 Setembro, 2005, Magna said...
Quando li esta obra, fiquei com um misto de obsessão e de angústia...Grande obra, de facto!
Bjs

At Sexta-feira, 02 Setembro, 2005, Sasfa said...
O que é espantoso é que o tema deste romance continua actualíssimo, pois o culto da juventude parece nortear a sociedade ocidental (basta olhar para a publicidade - beleza, vivacidade, felicidade, sempre associadas a juventude).
Parece que queremos à viva força ser infelizes...

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