“Debussy era extremamente meticuloso e preciso nas suas indicações musicais (…) mas há três ítems em que ele confiava no bom senso e na inteligência musical do intérprete: dedilhação, pedal e tempo."
Dunoyer, Cecília, Debussy in Performance, New Haven, Yale Universiry Press, 1999
Os problemas relativos ao tempo e à indicação de compasso no prelúdio La Cathédrale Engloutie foram já amplamente discutidos e estudados por pianistas, críticos e musicólogos. O facto é que, quando Debussy escreveu este prelúdio não incluiu a alteração de tempo mínima = semínima em duas secções da peça (compassos 7 a 12 e 22 a 83), alteração essa que ele próprio faz enquanto intérprete na gravação em piano de rolo de 1913.
A questão do prelúdio La Cathédrale Engloutie espelha perfeitamente a problemática em torno valor do texto e da performance no conceito de obra musical. É inegável a importância da gravação de Debussy, no sentido em que veio esclarecer não só um problema de interpretação, mas também as próprias intenções do compositor, que teriam ficado pouco explícitas no texto; mas, também é inegável que ainda agora se continua a tocar, e a gravar, este prelúdio com base somente na partitura, ignorando, ou desconhecendo, por completo as intenções do compositor explícitas pela sua própria performance. Por outro lado, a alteração da partitura fez-se, sim, mas apenas com uma indicação em Nota de Rodapé, onde se lê que a indicação mínima=semínima devia aparecer entre os compassos 6 e 7 e que esta mudança de tempo nos compassos 7-12 e 22-83 é feita pelo próprio Debussy - por exemplo em edições mais recentes da Durand ou da Dover - não se assumindo inteiramente a correcção do texto com base na performance. Sendo certa a insuficiência da escrita, seja qual for a linguagem utilizada, para transformar intenções em símbolos de forma completamente satisfatória e fidedigna, é sobre ela que assenta toda uma tradição de conhecimento e saber, e talvez por isso ocupe um lugar intocável no conceito de obra musical.
Dunoyer, Cecília, Debussy in Performance, New Haven, Yale Universiry Press, 1999
Os problemas relativos ao tempo e à indicação de compasso no prelúdio La Cathédrale Engloutie foram já amplamente discutidos e estudados por pianistas, críticos e musicólogos. O facto é que, quando Debussy escreveu este prelúdio não incluiu a alteração de tempo mínima = semínima em duas secções da peça (compassos 7 a 12 e 22 a 83), alteração essa que ele próprio faz enquanto intérprete na gravação em piano de rolo de 1913.
A questão do prelúdio La Cathédrale Engloutie espelha perfeitamente a problemática em torno valor do texto e da performance no conceito de obra musical. É inegável a importância da gravação de Debussy, no sentido em que veio esclarecer não só um problema de interpretação, mas também as próprias intenções do compositor, que teriam ficado pouco explícitas no texto; mas, também é inegável que ainda agora se continua a tocar, e a gravar, este prelúdio com base somente na partitura, ignorando, ou desconhecendo, por completo as intenções do compositor explícitas pela sua própria performance. Por outro lado, a alteração da partitura fez-se, sim, mas apenas com uma indicação em Nota de Rodapé, onde se lê que a indicação mínima=semínima devia aparecer entre os compassos 6 e 7 e que esta mudança de tempo nos compassos 7-12 e 22-83 é feita pelo próprio Debussy - por exemplo em edições mais recentes da Durand ou da Dover - não se assumindo inteiramente a correcção do texto com base na performance. Sendo certa a insuficiência da escrita, seja qual for a linguagem utilizada, para transformar intenções em símbolos de forma completamente satisfatória e fidedigna, é sobre ela que assenta toda uma tradição de conhecimento e saber, e talvez por isso ocupe um lugar intocável no conceito de obra musical.