segunda-feira, 23 de abril de 2007

Música de consumo

JL: "Qual o papel da música clássica no mundo?
MP: "Deveria ser muito mais importante do que é. Pensando no passado da Europa, em Viena ouviam-se grandes compositores, como Beethoven ou Rossini. Em Itália, Verdi. Hoje temos a chamada música ligeira que parece ser, para os jovens, mais importante do que a grande música. É uma pena para eles. Deveriam ter um contacto mais forte com a música de arte e não apenas com a de consumo."
Maurizio Pollini em entrevista ao JL.

6 comentários:

  1. Nunca me esquecerei do que ouvi a um amigo meu compositor de música erudita. Em casa, passava a vida a ouvir tudo menos música dita "clássica" e eu um dia espantei-me. Ele disse-me:
    "Na realidade o que é bom é ouvir esta música! É o que eu gosto de ouvir e a maior parte das pessoas também!"
    Referia-se a tudo: pop, rock, jazz...
    E é o que acontece à maior parte das pessoas. O Pollini e os que gostam de passar a visa a ouvir música "clássica" serão sempre uma minoria.

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  2. Nem sempre nem nunca!
    Ouvir outra música não invalida que se ouça música erudita.
    O problema é o estigma que se colou a este tipo de música! As maioria das pessoas nunca ouviu, mas diz à partida que não gosta!

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  3. Nívea Samovar:
    Esse teu amigo (que por acaso sou eu) ouviu e ouve muita música. Quando muito novo colocava a par nas suas preferências musicais obras tão dispares como a Paixão S.Mateus de Bach, Shut Up ‘N Play Yer Guitar de Frank Zappa, Kind of Blue de Miles Davis ou Berlin de Lou Reed, etc.. Estas obras eram muitas vezes ouvidas sem paragem entre elas, sob completa concentração e absorção. Era quase uma questão de culto e cerimónia!
    Essa forma quase obsessiva de lidar com a fruição da música mudou com o tempo, a meu ver para melhor, uma vez que actualmente a coisa funciona de forma mais descontraída e despreocupada. É aí que cabe essa minha afirmação, de resto, recente. Quanto à dita música séria ou erudita ou o que lhe quiseres chamar, essa vai ser sempre ouvida por uma “imensa minoria” na qual me incluo. As “outras” músicas vão também acompanhar-me porque fazem parte daquilo a que eu chamo de “bom gosto”, e, como sabes, não sou propriamente do género de “que os gostos não se discutem”! Há, para mim, uma clara fronteira (não do tipo preto ou branco) entre o bom e o mau em música, entre o “bom gosto” e o “mau gosto”, e essa fronteira nem sempre se ajusta à questão dos estilos musicais estanques...
    Para mim é sempre possível falarmos da enorme distância qualitativa que separa um Concerto de Piano de Rachmaninoff, por exemplo, das Four Last Songs de Strauss (do Richard, claro), e este tipo de comparações são também absolutamente válidas se as fizermos entre uma Norah Jones (um bocado melada) e um Erik Truffaz (dos melhores trompetistas da actualidade, e françês)! Tanto no caso Rachmaninoff/Strauss como no de Norah Jones/Erik Truffaz estamos a falar das mesmas etiquetas: clássico e jazz, mas acima de tudo estamos a falar de diferença pela maior ou menor qualidade que cada uma destas músicas tem.
    Já me alonguei muito e no fundo não disse o que muitas vezes as pessoas querem saber, o porquê!? Porquê é que uma música é melhor do que outra? Mas, como sabes, nessas perspectivas técnicas e analíticas mergulho eu diariamente no meu trabalho, por isso, não é este o lugar para entrar por esses campos.

    Já agora, e completamente a despropósito, aqui ficam os meus Parabéns pelo teu aniversário, que é hoje!

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  4. Muito obrigada!

    :-)))))))))))

    pelos parabéns e pelo post! Eheh... foi só para chatear!

    Hoje descobri um passeio novo fabuloso. Pensei muito em vocês. O problema é que se anda 2 horas a pé junto ao lago no meio de verdura e não estou a ver como pode ser com a Maria. Só de carinho.

    :-)

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  5. Acho que separar entre clássica e a outra é que é o problema. A 'clássica' pode dar o tipo de prazeres da 'outra' e outros mais profundos, o problema é que esses 'outros' presumem um tipo de conhecimento e 'erudição' que a maior parte das pessoas não têm. Aí o ensino artístico genérico poderia (e deveria?) dar ferramentas à população em geral (não falo naqui dos estudantes de música, mas do ensino artístico genérico de que sempre se falou mas nunca existiu em Portugal)
    De qualquer modo, não tenho a certeza de que a música do Beethoven fosse o que a generalidade da população ouvisse nesse tempo, acho que era já então para um certo tipo de elites, mas posso estar errado.

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  6. Concordo César!
    Não creio que a música ouvida no tempo dos clássicos fosse só a grande música. No entanto acredito que nessa altura se ouvia a música do seu tempo...

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