a sala 1 é linda;
o edifício CdM um portento;
o público que me rodeava (fila c) tinha um ar absolutamente esclarecido e asseado, mas, no entanto, não pareciam ter pago o bilhete. Fiquei mesmo com a sensação de que bilhetes pagos nas primeiras filas, só eu e mais alguma outra alma perdida...;
se calhar foram apenas sensações;
tosses entre andamentos até foram poucas (Brendel fez questão de levar rebuçados...);
não conheci quase ninguém do público habitual deste tipo de eventos no Porto, embora tenha ficado com a sensação de ter visto uma série de vendedores de carros (a avaliar pelas boas vestimentas e conversa fluida), correctores de seguros (pelo olhar inquisidor com que observavam tudo atentamente) e funcionários da banca (porque ocupavam, com a sua aura, mais do que um lugar da plateia, e claro, traziam as miúdas giras);
as caras mais conhecidas, curiosamente, foram as que costumo ver quando me desloco a Lisboa aos concertos da Gulbenkian;
não encontrei, portanto, muita da fina nata cultural da cidade invicta do Porto.
o edifício CdM um portento;
o público que me rodeava (fila c) tinha um ar absolutamente esclarecido e asseado, mas, no entanto, não pareciam ter pago o bilhete. Fiquei mesmo com a sensação de que bilhetes pagos nas primeiras filas, só eu e mais alguma outra alma perdida...;
se calhar foram apenas sensações;
tosses entre andamentos até foram poucas (Brendel fez questão de levar rebuçados...);
não conheci quase ninguém do público habitual deste tipo de eventos no Porto, embora tenha ficado com a sensação de ter visto uma série de vendedores de carros (a avaliar pelas boas vestimentas e conversa fluida), correctores de seguros (pelo olhar inquisidor com que observavam tudo atentamente) e funcionários da banca (porque ocupavam, com a sua aura, mais do que um lugar da plateia, e claro, traziam as miúdas giras);
as caras mais conhecidas, curiosamente, foram as que costumo ver quando me desloco a Lisboa aos concertos da Gulbenkian;
não encontrei, portanto, muita da fina nata cultural da cidade invicta do Porto.
14 Comments:
At Terça-feira, 26 Abril, 2005, Pedro Aniceto said...
Olá! E então a polémica do fosso da orquestra? Justifica-se ou não? Tenho de ir
fazer uma visita à cDM rapidamente. Abraços
At Terça-feira, 26 Abril, 2005, pb said...
Olá Pedro Aniceto! Que grande honra!
Na minha modesta opinião a questão do fosso não é coisa relevante. É que para fazer uma ópera de repertório tradicional (século XVIII e XIX essencialmente) há outras salas na cidade, destacando-se o coliseu. Para fazer óperas mais modernas (XX e XXI) com encenações bem arrojadas tudo é possível. Basta para isso que haja imaginação e meios técnicos (o fosso pode deixar de ser fosso para passar a ser elemento de encenação, quem sabe um “fosso” pendurado em cima do público, hehe). De qualquer forma sobre isto podem falar os especialistas... é um facto que a Opéra de la Bastille em Paris, que já tive o privilégio de conhecer, tem tudo, um fosso, legendas em painel electrónico, e é um dos mais modernistas locais de realização de ópera (XX e XXI) da actualidade! Bem, mas também só se faz ópera lá! Por isso a CdM, que vai servir muito mais do que a função da ópera e bailado, não me parece que precise assim tanto de um fosso!!!
Mas isso digo eu que também gosto de dizer coisas como o outro.
Um abraço e obrigado pelo comment.
Atenção: PB é Satie do #macintosh
At Terça-feira, 26 Abril, 2005, samovar said...
E se eu lá tivesse estado, onde é que me encaixavas tu, afinal?...
At Terça-feira, 26 Abril, 2005, pb said...
Nas que pagavam o bilhete pois claro! Pasmada com o Brendel! :-)
At Terça-feira, 26 Abril, 2005, Patrícia said...
Achas que tenho perfil para a “fina nata cultural da cidade invicta do Porto?”
Alta, loura, de olhos azuis.....????? Que dizes, Paulo? Em relação á sala 1, tive a pouca sorte de, no intervalo, ouvir um comentário estúpido e depreciativo da Casa, enquanto estava a apreciar o edifício e ainda maravilhada com o concerto.
Enfim, é a parte terrível dos concertos.
São os encontros tenebrosos.....!
Em relação à Casa,acho que é um pouco perigosa. Saí de lá com uma vontade imensa de comprar bilhetes para mais e mais concertos. Gostei bastante e apetece-me mesmo experimentar diversos lugares para usufruir bem a sala.
Tudo o resto, é conversa.
At Sexta-feira, 29 Abril, 2005, ADSUM said...
O edifício cDM é belíssimo. A sala 1 é majestosa e clara, mas confesso que tenho uma admiração especial pela 2. É mais intimista e muito bela: toda em vermelho...
Os camarins têm metade da parede envidraçada, facto q permite q as pessoas q passam no exterior observem o que lá se passa dentro, e vice-versa... Gostei. A decoração é minimal e de muito bom gosto. A vontade que me deu, foi d alugar lá um cantinho para a habitar por uns tempos... E respira-se música. A programação é mesmo muito boa. Entre outras ansiedades musicais, confesso que mal posso esperar pelo dia 5 de Novembro!
At Sábado, 30 Abril, 2005, pb said...
Mas agora este “adsum” ficou!?
Toca a assinar os seus comments Dra. B.!
Mau...
At Segunda-feira, 02 Maio, 2005, Luís Aquino said...
Ainda não assisti a nenhum concerto na CdM, portanto não conheço nenhuma das salas. Mas como tive que ir levantar uns bilhetes para a minha ‘patroa’, aproveitei para deambular pelas áreas de acesso livre. Não há dúvida quea polémica instalada—seja pelo atraso das obras, seja pela escandalosa sobre-orçamentação (ainda ninguém explicou como é que é possível um ‘budget’ passar de 15 para 100 milhões de euros!)ou ainda pelo conflito com o futuro edifício vizinho—teve uma virtude: chamar visitantes! Nessa deambulação por halls e foyers, deu para perceber que muitas das pessoas que também por lá deambulavam não são visitantes de espaços culturais, provavelmente muitos dos que com quem me cruzei estavavam a satisfazer a curiosidade aguçada mediaticamente ou simplesmente tomaram a CdM como um destino de passeio. Dei por mim surpreendido a passar por átrios e ver pessoas a tirar retratos a outras que, em pose, tiravam partido fotográfico do colorido dos sofás. Ou outras a fotografar o hall do tal janelão envidraçado que dá para o terreno do futuro edifício bancário...
Independentemente das interpretações que possamos ter sobre estes comportamentos (e eu não faço nenhuma em especial, a não ser que cada um tem o direito de fruir o espaço como quiser, desde que o respeite)o que me parece importante é que a administração da Casa devia aproveitar este afluxo anormal de visitantes para os cativar e fidelizar como público de espectáculos. Para isso ajudaria muito que todas as áreas da CdM estivessem a funcionar, nomeadamente as de restauração.
At Segunda-feira, 02 Maio, 2005, Luís Aquino said...
No episódio que contei acima, em que duas jovenzinhas de 20 anos curtiam delícias fotográficas proporcionadas pela CdM, uma de máquina na mão, outra alapada no sofá, não pude deixar de achar graça ao facto de elas terem ficado um pouco embaraçadas quando eu, ao descer as escadas que dá acesso a esse hall, as ter surpreendido com a minha aproximação. Não percebi o que disseram uma à outra, mas já agora não custa imaginar:
- Olha lá e se te chegasses mais p’ró centro do sofá? - sugere a de máquina na mão
- Não...Acho que me vou espraiar assim...- respondeu a outra, reclinando-se de lado e ao comprimento do sofá.
- Não percebes? Ao centro é que é, na Caras é assim que aparece...!
- Tens a certeza?...Mas se eu estiver quase deitada, o verde do sofá combina melhor com os meus olhos...- E dito isto, afastou a repa do cabelo ,tentando convencer a objectiva da máquina
- Mas que raio, tu tens olhos azuis!
- Chiu! Vem ali um gajo a descer as escadas...
- ....
- ....
Como o ‘gajo’ passou entre elas , mas não saiu logo do hall, decidido a ficar ali uns segundos a fazer que vê uma pinturas que estão em exposição, as duas visitantes mordem os lábios à procura de um pretexto de conversa que as salve do embaraço. As ideias estavam inibidas, até que a fotógrafa atira à outra um sussurro:
- Diz ‘ai e tal...’
- Ãh?
- Esquece..- E começa a assobiar, rodopiando sobre si e fazendo festinhas à máquina como se esta tivesse pó.
- Que chato!...Nunca mais se vai embora—bichana a outra, subitamente desconfotável no belo sofá verde. A cor da cara dela combinada com a do assento lembrava agora a bandeira nacional.
- Aposto que nunca deve vir a estes sítios, deve ser só para dizer que esteve na Casa da Música - continua a fotógrafa sempre em surdina - parece um boi a olhar para um palácio!
- Parece mas é o cota do teu tio...!
Estas últimas palavras abateram-se sobre a coroa deserta de cabelos do gajo, que lá decide retirar-se e deixar o cenário fotográfico.
Ao descer mais um lanço de escadas, ainda teve tempo de perceber que atrás
de si foram soltados uns abafados risinhos histéricos, imediatamente precedido
por um
- Click!
At Terça-feira, 03 Maio, 2005, pb said...
Este último comment é uma verdadeira crónica by Luís Aquimo!
Se calhar era uma boa ideia para um blogue de Aquino...
At Terça-feira, 03 Maio, 2005, Luís aquino said...
Estou mesmo decidido com a história do blog, mas mais parea a ideia que te tinha falado de remeter para a actualidade (ou de a actualidade ser um pretexto para outro assunto não quotidiano ou assim). Só me falta arranjar um nome.
ACEITAM-SE SUGESTÕES!
At Quarta-feira, 04 Maio, 2005, pb said...
Não sei não...
aquitidiano...
ou aqui-tidiano, não, talvez não...
At Quarta-feira, 04 Maio, 2005, luis aquino said...
Isso ia parecer um blog sobre o império romano eh, eh...Mas nesse caso preferia qualquer coisa como...
Tribuno Inocêncio... ou...
Deito-te às feras e já eras...
At Terça-feira, 31 Janeiro, 2006, Bjarni Frímann said...
Mon nom e Bjarni. Je suis de Islande, et j’étude composition e direction orchestrale en LHÍ. Je ne comprends pas beaucoup de Portugés, mais je croix que vous disputez musique classique. Merci beaucoup.