sábado, 14 de maio de 2005

“mal amada” arte já em 1896!

As nossas observações práticas permitem-nos definir a oposição nos seguintes termos: a arte moderna tem um fundo predominantemente pessimista, enquanto a atitude do moderno proletariado é profundamente optimista. Toda a classe revolucionária é optimista (...). É óbvio que isto não tem nada a ver com utopismos. O lutador revolucionário poderá analisar friamente as possibilidades de ganhar ou perder a luta; mas só é um lutador revolucionário porque está possuído da convicção inabalável de que é capaz de transformar um mundo. Neste sentido, todo o trabalhador com consciência de classe é optimista: olha para o futuro cheio de esperança. E vai buscar essa esperança precisamente à miséria que o rodeia.
A arte moderna, pelo contrario. É acentuadamente pessimista. Não conhece saída para a miséria cuja descrição é o seu assunto preferido. Provém de círculos burgueses e é o reflexo de uma decadência incontrolável, que nela se reflecte bastante fielmente. À sua maneira, e desde que não seja simples intenção de modas, ela é honesta e verdadeira, está muito acima dos Lindau* e das Marlitt*, mas é absolutamente pessimista, na medida em que, na miséria do presente, só vê a miséria.

* Crítico teatral, romancista e dramaturgo de “boulevard” na linha de A. Dumas e Sardou.
* Autora de romances cor-de-rosa do fim de século XIX.

Franz Mehring, Arte e proletariado, 1896

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