Retirei esta parte de um texto do blogue “Tonalatonal”, com autorização do autor, é claro, por se entrecruzar muito bem com alguns posts recentes do Tónica Dominante.
O momento presente é de um impasse, onde uns vêem o fim da música clássica, num mundo tecnocrático, economicista, hedonista e acelerado, e outros distinguem mesmo assim uma luz ao fundo do túnel. APV, nos seus textos (ao fim e ao cabo o pretexto deste post), é pessimista e um espelho da angústia do criador que se interroga sobre a sua própria utilidade. Mas não tenhamos ilusões: os artistas musicais deixaram de ser úteis a partir de Beethoven. Com a Revolução Francesa e a queda das monarquias e aristocracias autocráticas na Europa, que ainda agonizam durante todo o século XIX, e têm um fim simbólico com o assassinato de Nicolau II e Dom Carlos, a Revolução Bolchevique e a 1a Guerra Mundial, juntamente com o crescente laicismo das sociedades e a decadência de gosto da própria Igreja Católica, a música deixa de servir para mais nada a não ser para se ouvir, luxo cada vez mais caro e inapetecido. Podemos até perguntar-nos se a música foi realmente, e alguma vez, pensada para se “ouvir”, ou meramente para “servir”. Tocada durante banquetes, cerimónias, ar livre, salões com barulhos constante, celebrações religiosas, etc, etc, terá a música alguma vez sido verdadeiramente “ouvida”?
Sérgio Azevedo, “Tonalatonal”, (extracto) António Pinho Vargas e a inutilidade
do artista hoje, 2005
O momento presente é de um impasse, onde uns vêem o fim da música clássica, num mundo tecnocrático, economicista, hedonista e acelerado, e outros distinguem mesmo assim uma luz ao fundo do túnel. APV, nos seus textos (ao fim e ao cabo o pretexto deste post), é pessimista e um espelho da angústia do criador que se interroga sobre a sua própria utilidade. Mas não tenhamos ilusões: os artistas musicais deixaram de ser úteis a partir de Beethoven. Com a Revolução Francesa e a queda das monarquias e aristocracias autocráticas na Europa, que ainda agonizam durante todo o século XIX, e têm um fim simbólico com o assassinato de Nicolau II e Dom Carlos, a Revolução Bolchevique e a 1a Guerra Mundial, juntamente com o crescente laicismo das sociedades e a decadência de gosto da própria Igreja Católica, a música deixa de servir para mais nada a não ser para se ouvir, luxo cada vez mais caro e inapetecido. Podemos até perguntar-nos se a música foi realmente, e alguma vez, pensada para se “ouvir”, ou meramente para “servir”. Tocada durante banquetes, cerimónias, ar livre, salões com barulhos constante, celebrações religiosas, etc, etc, terá a música alguma vez sido verdadeiramente “ouvida”?
Sérgio Azevedo, “Tonalatonal”, (extracto) António Pinho Vargas e a inutilidade
do artista hoje, 2005
1 Comments:
At Quinta-feira, 19 Maio, 2005, Patrícia said...
terá a música alguma vez sido verdadeiramente “ouvida”? Quero muito acreditar que sim. Acho que se vai aprendendo a ouvir música. e este é um processo com muitos retrocessos e avanços e por isso, muito longo.
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